Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

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FOTOS COMO ARMA GENOCIDA: UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS?
Íris Viegas Francisco

Última alteração: 2019-08-01

Resumo


O genocídio da população preta, principalmente dos jovens, consiste-se em um processo sistemático de produções de desigualdades que geram violência interpessoal, violência policial, encarceramento em massa, morte física e social. A morte social acontece de várias formas: uma delas é com o apagamento do corpo preto em situações de prestígio social e a espetacularização de seus delitos e dramas, expostos em fotografias divulgadas pelas mídias e transformadas em um espetáculo que segundo Guy Debord, não são apenas imagens sem nexo, mas uma relação social entre pessoas, mediadas por imagens. Ou seja, na sociedade contemporânea há uma comunicação pautada apenas através das imagens. Sendo assim de grande relevância estudar: como as fotografias podem ser utilizadas como arma genocida. Atualmente existem leis que condenam a mecanização de corpos, mais e as de imagens? À vista disso, é importante ressaltar que a mercantilização de imagens vende qualquer corpo que possa virar um show, qualquer foto que cause alguma comoção. Contudo, dentro de um universo de corpos, os corpos pretos são os mais vendidos na mídia brasileira, quando o assunto é hipersexualização, loucura e criminalidade. Alguns exemplos são: Se o assunto é carnaval no Brasil o imaginário nacional einternacional tem uma foto da chamada “mulata exportação” que se personifica na própria globeleza, quando o assunto é loucura as imagens dos antigos hospícios lotados de pretos epretas, além da “nega maluca” que se tornou uma das principais fantasias do Black face. Se o tema é criminalidade as fotos de prisões superlotadas, assaltantes, estupradores, sequestradores são em sua maioria pretos. Estes são explorados inclusive quando morrem vítimas do genocídio diário e são explorados por reportagens sensacionalistas, que muitas vezes expõem esses corpos brutalmente assassinados sem respeito a dignidade humana. Tais corpos são excessivamente expostos em situação muitas vezes vexatória em fotografias que abarrotam os jornais impressos, televisivos ou na internet, que contribui para as concepções que demostram a visão hegemônica de modernidade que reconhece tais corpos como corpos-não- modernos, segundo Rodrigues Jr, tais corpos estigmatizados por não se encaixarem em um ideal moderno sofre vários ataques sociais de diversas forma inclusive através da fotografia. É em razão disto, que o imaginário social que é construído dentro deste espetáculo fotográfico, agride a saúde mental do povo preto contribuindo para o cenário de genocídio e criando uma colonização da imagem, sendo desta maneira imprescindível contextualizar tal realidade com o princípio da dignidade humana e da responsabilidade social das mídias.


Palavras-chave


Genocídio da população preta; Espetacularização fotográfica; Colonização da imagem; corpos-não-modernos e Direitos Humanos.