Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

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DIREITO À MEMÓRIA DO CORPO FEMININO: MEMÓRIA E VERDADE DO CORPO DA MULHER NA DITADURA
Denise Maria Moura e Silva, Amanda Montenegro Lemos de Arruda Alencar

Última alteração: 2019-07-09

Resumo


O poder, a dominação e o gênero são termos que quando conjugados em relação ás mulheres na Ditadura, espelham o processo de controle social pelo qual o corpo das mulheres militantes foi subjugado. A mulher militante política é encarada como um ser “desviante”, não uma mulher normal e desejável. Esta estava no espaço a ela destinado, no santuário do lar, cuidando do marido e dos filhos. Apesar de tantas mulheres, juntamente com os homens, lutarem pela redemocratização do país, elas foram excluídas dos relatos históricos e das documentações sobre o período. A militante política cometia dois pecados aos olhos da repressão: de se insurgir contra a política golpista, fazendo-lhe oposição e de desconsiderar o lugar destinado à mulher, rompendo os padrões estabelecidos para os dois sexos. A repressão caracteriza a militante como “puta comunista”. Ambas são categorias desviantes dos padrões estabelecidos pela sociedade que enclausura a mulher no mundo privado e doméstico. A esquerda também não propiciava o debate sobre as relações de gênero, as questões femininas, porque havia uma contradição maior a ser resolvida: a oposição entre a burguesia e o proletariado. Isto reforçava o poder dos homens nas organizações. As questões feministas eram entendidas como divisionistas da luta principal. Não seria menos adequado no cenário político-social que vivenciamos trazer essa abordagem da militância feminina durante a ditadura militar, do corpo feminino como instrumento de opressão, e dos efeitos do final da ditadura e da redemocratização nos corpos femininos. O objetivo da pesquisa é abordar o lugar da mulher e do corpo feminino no período da ditadura e pós-ditadura em sua perspectiva sociocultural. A metodologia utilizada na pesquisa é o levantamento bibliográfico com a utilização de relatos trazidos pela Comissão Nacional da Verdade em publicação da Secretaria Especial de Direitos Humanos da República.

Palavras-chave


Memória. Corpo feminino. Ditadura. Militância feminina.