Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

Tamanho da fonte: 
FORTALECIMENTO DA TERRITORIALIDADE E IDENTIDADE INDÍGENA- COLONIZAÇÃO DA TERRA E A DECOLONIALIDADE VIA AUTONOMIA TERRITORIAL
Isis Santana, Maria Eduarda Santana, Livia Torres

Última alteração: 2019-07-18

Resumo


Na discussão acerca da realidade latino-americana, temas como: terra, autonomia e resistência, são concepções que se resignificam ao longo dos mais de 500 anos de colonização. Atualmente, tanto no âmbito jurídico quanto político, estão em voga temas que envolvem questões socioambientais e a proteção de direitos humanos de populações tradicionais historicamente violentadas em virtude da invasão moderna/colonial de seus territórios. O presente trabalho busca analisar como as diferentes formas de construção da territorialidade dos povos indígenas Nasa da Colômbia e Xukuru no Brasil representam alternativas outras diante da configuração territorial moderno/colonial presente nesses países e na América Latina, onde a lógica política e social continua sendo a de exploração de povos colonizados e da natureza. Para elucidar esses processos, apresenta-se de que modo as teorias de colonialidade/modernidade instauram a concepção econômico-instrumental de pensar a natureza, e assim explorar o meio ambiente e o território. Isso posto, objetiva-se analisar como as injustiças, ingerências do Estado e os conflitos socioambientais estão relacionados com a colonialidade/modernidade apresentada, e de que modo as estratégias de luta pela plurinacionalidade do Estado e autonomia territorial dessas populações representam, não somente um resgate da tradição, mas também uma alternativa social de proteção e respeito às minorias identitárias e à natureza. A pesquisa foi feita a partir de uma abordagem qualitativa decolonial de análise, que se deu por meio de observações e entrevistas que consideravam não apenas a visão científica do método. Essa abordagem refere-se a perspectiva dos agentes como edificadores de suas narrativas, especialmente por se tratar aqui dos seus modos de vida, abordagem vista como urgente frente a uma história de invisibilização epistêmica e aniquilamento frente a imposição colonializante da ideia do ser, do saber e da natureza. A partir disso, confirmamos nossa hipótese de que a estrutura colonial lida com o território como um local a ser conquistado e dominado, afetando negativamente a natureza e fomentando desigualdades socioambientais históricas, mas especialmente retroalimentando as violências contra populações invisibilizadas e suas lutas em defesa do território e da vida. Tal hipótese foi confirmada através da vivência com os povos e participação dos eventos de La Liberación de la Madre Tierra e Agricultura Xukuru: A Ciência dos Invisíveis, guardiã da Cultura do Encantamento, que auxiliaram tanto na realização de entrevistas como na percepção de como os dois povos entendem a relação com a Pachamamma ou Mãe Natureza. Os resultados mostram que, em ambos os casos, a luta territorial busca o estabelecimento de relações que se opõem ao modelo colonial de lidar com a natureza, priorizando a autonomia e a vida, e indo na contramão da dependência e subalternização histórica que os atinge.

Palavras-chave


colonialidade, modernidade, decolonialidade, autonomia, território.