Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

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As Mulheres Zapatistas Diante do Tempo: Arte, História e Feminismo Indígena na América Latina
Nathane Alves Cruz

Última alteração: 2019-07-10

Resumo


A presente comunicação objetiva discutir a relação entre pensamento descolonial e direitos humanos na América Latina do ponto de vista do zapatismo, especialmente, do feminismo indígena forjado pelas mulheres do movimento. Trata-se de um desdobramento da pesquisa de iniciação científica intitulada “As mulheres zapatistas diante do tempo: arte, história e feminismoindígena na América Latina”, que venho desenvolvendo como bolsista PIBIC sob orientação do Pr. Dr. Paulo Maciel, no Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto. O projeto em curso visa pesquisar e estudar a arte zapatista contemporânea tendo por questão central de como, por meio dela, os agentes envolvidos em sua produção, circulação e recepção, sobretudo as mulheres, compreendem as relações entre o presente-passado conforme a história do grupo e ou do movimento conferindo, assim, as suas práticas artísticas o caráter de práticas historiográficas.

Neste sentido, tais práticas artísticas criadas pelas mulheres do movimento são vistas aqui como um desdobramento da revisão crítica da história do México proposta, de forma mais ampla, pelo movimento. Por outro lado, e necessário observar que essa revisão crítica surge com o feminismo indígena. Questão que tem sido investigada a partir de algumas produções artísticas apresentadas pelas mulheres durante os dois festivais zapatistas, CompArte por La Humanidad, realizados nos anos de 2016 e 2017 na Universidad de la Tierra (universidade popular dos povos zapatistas) e nos caracóis zapatistas.

Para além dos conteúdos das obras há toda uma forma de expressão do modo de vida zapatista que acompanha, também, a produção artística, como, por exemplo, a autoria que reforça o princípio de coletividade, ou do anonimato, baseada na recusa ao individualismo e a ideia de propriedade

privada. Outro aspecto importante é que esses povos se apropriam de estilos artísticos populares mexicanos – sapateados, música rancheira – e os reconstroem a partir de suas narrativas e contextos. O que se pretende apresentar, então, é como as mulheres zapatistas têm proposto um olhar descolonial da história da América Latina através das artes.