Tamanho da fonte:
TERRA EM TRANSE: TERRITÓRIO, TEMPORALIDADES E POLITICA EM UM TERREIRO DA JUREMA SAGRADA.
Última alteração: 2019-07-09
Resumo
O território é antes de tudo um símbolo de construção de identidades, de pessoas quecotidianamente lutam pela necessidade de buscarem sua origem. Um território é umalocalização espaço-temporal. Ele se define a partir de uma localização espacial que éconfigurada no tempo, ou seja, ele é um território em constante processo deconstrução. Um território é um ambiente vivo que está sempre sujeito a modificações,desvios e recriações de si mesmo. O objetivo desta comunicação é promover umdebate conceitual e uma incursão teórica com o propósito de mediar três importantesconcepções diretamente associadas a vida em comunidades de terreiros, que sãoterritório, temporalidade e poder. Este trabalho é resultado de uma etnografiarealizada na Casa das Matas do Reis Malunguinho, um terreiro da Jurema Sagradana cidade de Olinda – PE. A Jurema Sagrada, suas entidades (Mestres, Mestras,Trunqueiros, Encantados), seus praticantes e sua cosmologia a aproximam daquiloque é chamado de povo de gaia (LATOUR, 2002) e se colocam como atoresfundamentais em um processo de mediação em um mundo que se encontra em guerrapermanente. A Jurema Sagrada enquanto espaço de produção de vida de grupos"minoritários", se torna um instrumento de desconstrução dos discursos e das práticasviolentas da modernidade, contribuindo assim com releituras sobre o processo deformação sócio-territorial da América Latina. Para a Jurema Sagrada e seuspraticantes, o território, no mesmo sentido que a tradição, não é um elemento estáticoe imutável, ambos sofrem de um reordenamento diante dos desafios dacontemporaneidade. Isto é, o território é a medida de uma identidade não essencial,mas que está marcada pelo convívio com conflitos permanentes. Conflitoscosmopoliticos. Bruno Latour (2008), com sua teoria ator-rede, nos fornece umaferramenta fundamental para a compreensão dos processos, dinâmicas e práticassociais. Este autor nos convida a pensar os coletivos não-humanos (objetos, técnicas,natureza) e os coletivos humanos (valores, cultura, linguagem) como,simultaneamente, objetos da experiência e fontes instituintes da experiência, ou seja,numa contínua relação de movimento e vínculos que tecem redes de ação.
Palavras-chave
Território. Cosmopolítica. Jurema Sagrada.